Você sabe como funciona a curva de juros?

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O que é a curva de juros?

A curva de juros é uma representação gráfica que revela a expectativa do mercado quanto à evolução dos juros no futuro. Ou seja, ela envolve uma projeção de como os juros se comportarão até uma data futura específica, considerando as atuais condições do mercado.

No Brasil, as taxas de juros se baseiam na taxa Selic — a taxa básica de juros da economia. Ela é determinada a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom), considerando a situação do cenário econômico brasileiro.

Por sua vez, os juros correspondem ao custo do empréstimo do dinheiro, sendo um modo de remunerar o risco de um eventual calote. Normalmente, os fornecedores de crédito costumam elevar os juros quando o prazo do empréstimo é longo.

Isso acontece porque é mais difícil prever como estará a situação do devedor em um futuro muito distante. Por outro lado, empréstimos de curto prazo geralmente têm juros menores, já que existe uma previsibilidade maior quanto à possibilidade de o devedor se tornar inadimplente.

Nesse contexto, a curva de juros consegue apontar essa relação entre os juros de curto prazo e os juros de longo prazo. Desse modo, ela pode ser de grande ajuda no momento de tomar uma decisão de investimento — como você entenderá mais adiante.

Como a curva de juros funciona?

Depois de conferir o que é a curva de juros, é válido compreender como se dá o seu funcionamento.

Na prática, a curva de juros é plotada em um gráfico com um eixo vertical e outro horizontal. O primeiro eixo mostra o aumento ou a diminuição dos juros, enquanto o segundo revela a evolução do tempo. A depender do cenário, a curvatura dos juros poderá ser mais ou menos acentuada.

Geralmente, ela é utilizada para projetar o possível rumo econômico do país. Para isso, é comum usar como base as taxas de remuneração dos títulos do Tesouro Direito, a exemplo do Tesouro Prefixado (que possui rentabilidade fixa) e o Tesouro IPCA+ (indexado à inflação).

Veja a projeção realizada em setembro de 2022, considerando o Tesouro Prefixado, feita no site da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais):

Como se observa, no curto prazo, a tendência é que os títulos prefixados acompanhem o cenário atual da Selic de 13,75% (em agosto de 2022). No entanto, para os próximos anos, há uma tendência de queda nos juros para um patamar próximo a 11%, chegando a 12% no longo prazo.

Essa informação pode ser determinante para decidir se vale a pena investir em um título prefixado (ou não), considerando o cenário atual e o futuro, por exemplo. No entanto, é importante destacar que essa é apenas uma projeção e o cenário real nos próximos anos poderá se distanciar do previsto.

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Quais os tipos de curva de juros?

Após aprender como funciona a taxa de juros, é preciso ter em mente que nem sempre ela será representada da mesma maneira que você viu anteriormente. Portanto, confira quais são os principais tipos de curva de juros e como interpretá-los:

Curva normal

A curva normal é uma indicação padrão de que os juros de curto prazo são menores que os juros de longo prazo. Ela é apresentada como uma curva côncava ascendente, indicando uma progressão dos juros normal no decorrer do tempo.

Curva invertida

A curva invertida revela que os juros de curto prazo são maiores que os juros de longo prazo. O exemplo é a própria curva apresentada anteriormente, mostrando que os juros dos títulos do Tesouro Prefixado tendem a cair nos próximos anos.

Curva flat

Nesse tipo de curva não há grande diferença entre os juros de curto ou de longo prazo, o que faz com que a curvatura seja bastante discreta (quase plana). Ela pode indicar um período de incertezas econômicas e pouca previsibilidade.

Curva fortemente inclinada

Aqui, a curva é bastante acentuada, com juros de curto prazo consideravelmente inferiores aos juros de longo prazo. Em geral, isso indica que poderá haver uma grande progressão dos juros ao longo do tempo.

Esse movimento pode ser gerado por um forte crescimento econômico ou por dificuldades do Governo em financiar o déficit de longo prazo.

Qual a relação entre a curva de juros e os investimentos?

As mudanças nas taxas de juros impactam nos investimentos, em especial aqueles que integram a renda fixa. Portanto, é comum o uso da curva de juros para projetar o comportamento de uma alternativa ou do próprio mercado, em busca de oportunidades.

Por exemplo, quando a curva de juros está aberta (fortemente inclinada), pode ser interessante considerar investimentos indexados a indicadores econômicos (pós-fixados). Isso porque a sua rentabilidade acompanhará a do respectivo indexador e, caso os juros aumentem, o seu retorno também aumentará.

Em contrapartida, quando a curva de juros está invertida, esse poderá ser o momento ideal para comprar títulos prefixados. Afinal, essas aplicações possuem uma rentabilidade fixa. Assim, elas manterão o seu retorno — fixado quando os juros estavam em alta — mesmo se os juros caírem.

Contudo, é primordial frisar que a escolha de um investimento deve ser embasada no seu perfil de investidor e objetivos previamente traçados. Com isso, ficará mais fácil selecionar as alternativas que mais se aproximam dos seus interesses e pretensões no mercado para construir uma carteira de investimentos diversificada e adaptada para você.

Este é um conceito importante para realizar análises de investimentos. Apesar disso, este não deve ser o único critério de avaliação, para não limitar a sua percepção sobre outros fatores que podem impactar o seu portfólio.